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domingo, 26 de abril de 2015

O bando de maltrapilhos. Contos Infantis.


O galo uma vez disse para a galinha: — “Agora chegou a época das nozes amadurecerem, então, vamos subir juntos a colina e vamos ser os primeiros a comer até enfartar antes que o esquilo venha e leve todas as nozes embora.” — “Sim,” respondeu a galinha. “venha, nós vamos nos divertir muito juntos.” Então, eles subiram a colina, e como estava um dia ensolarado eles ficaram até o anoitecer. Agora eu não sei se era porque eles haviam comido muito e estavam muito pesados, ou se eles eram muito orgulhosos e não queriam voltar a pé para casa, e o galo pretendia fazer uma pequena carroça com as cascas das nozes. Quando a carroça ficou pronta, a galinha se sentou no banco, e disse para o galo: — Você poderia ser atrelado à carroça.” — “De jeito nenhum,” disse o galo, “eu prefiro ir para casa à pé do que ser atrelado a uma carroça, não, não foi isso que combinamos. Eu não me importaria de ser o cocheiro e ficar sentado na boléia, mas puxar a carroça sozinho eu não vou mesmo.” Enquanto eles estavam assim discutindo, um pato grasnou para eles: — “Ei, seus pequenos ladrões, quem autorizou vocês a subirem na minha colina de nozes? Esperem só, e vocês vão pagar por isso!” e correu de bico aberto em direção ao galo. Mas o galo não era medroso, e enfrentou o pato com coragem, e machucou tanto o pato com as suas esporas que ele teve de pedir misericórdia, e permitiu que fosse atrelado à carroça como punição. O pequeno galo se sentou na boleia como se fosse o cocheiro, e lá foram eles galopando, com o pato, correndo tudo que podia. Depois de terem percorrido uma parte do caminho, eles encontraram dois passageiros que estavam andando a pé, um alfinete e uma agulha. Os dois gritaram: — “Parem, parem!” e disseram que o dia estava ficando escuro que nem piche, e que eles não conseguiam dar nem um passo sequer, e que havia tanta sujeira na estrada, e perguntaram se eles não podiam subir na carroça um pouquinho. Eles tinham ido até a cervejaria do alfaiate que ficava perto do portão, e tinham ficado muito tempo lá tomando cerveja. Como eles eram magrinhos, e portanto, não ocupavam muito espaço, o galo permitiu que os dois subissem, mas os dois deviam prometer a ele e à pequena galinha que não pisariam em seus pés. Tarde da noite eles chegaram numa estalagem, e como eles não gostavam de viajar a noite, e como o pato não tinha mais forças no pé, e caía de um lado para outro, eles decidiram entrar. O estalajadeiro, a princípio, fez algumas objeções, a sua casa já estava cheia, além disso, pensou ele, eles não poderiam ser pessoas muito distintas, mas, finalmente, como a conversa deles era agradável, e haviam lhe dito que ele poderia ficar com os ovos que a galinha havia botado no caminho, e também poderiam ficar com o pato, que botava um ovo todos os dias, o estalajadeiro finalmente disse que eles poderiam ficar aquela noite. E então, eles foram bem servidos, e festejaram e fizeram muito barulho. Bem cedo de manhã, quando o dia estava clareando, e todos estavam dormindo, o galo acordou a galinha, trouxe o ovo, e comeram juntos, mas a casca eles jogaram no fogão a lenha. Então, eles foram até a agulha que ainda estava sonolenta, pegaram-na pela cabeça, e a espetaram na almofada da cadeira do estalajadeiro, e colocaram o alfinete na toalha dele, e finalmente, sem alhos nem bugalhos, foram embora voando por cima do fogão. O pato que gostava de dormir a céu aberto e tinha ficado no quintal, ouviu quando eles estavam indo embora, ficou muito feliz, e encontrou um riacho, e por ele foi nadando, porque era um caminho muito mais rápido de viajar do que estando preso a uma carroça. O estalajadeiro só saiu da cama duas horas depois que eles tinham ido embora, ele se lavou e ia se secar, então, o alfinete espetou a sua cara e deixou uma lista vermelha que ia de uma orelha a outra. Depois disto ele foi para a cozinha e quis acender um charuto, mas quando ele chegou perto do fogão a casca do ovo explodiu em seus olhos. — “Hoje de manhã todas as coisas estão caindo na minha cabeça,” disse ele, e nervoso se sentou na cadeira de seu pai, mas ele deu um pulo novamente e gritou: — “Ai meu Deus,” pois a agulha havia picado num lugar bem pior que o alfinete, e não tinha sido na cabeça. Agora, sim, ele tinha ficado muito furioso, e desconfiou dos hóspedes que haviam chegado bem tarde na noite anterior, e quando ele decidiu procurar por eles, eles tinham ido embora. Então, ele jurou nunca mais aceitar maltrapilhos em sua estalagem, porque eles consomem muito, não pagam nada, e usam de artifícios desonestos durante a negociação a pretexto de gratidão. Contos de Grimm

terça-feira, 14 de abril de 2015

Os doze irmãos. Contos Infantis.


Era uma vez um rei e uma rainha que viviam felizes e em harmonia e que tinham doze filhos, sendo todos garotos. Então, o rei disse para a sua esposa: — “Se a décima terceira criança que você está para trazer ao mundo for uma garota, os doze meninos devem morrer, para que os bens dela sejam maiores, e para que o reino possa ser dela somente.” Então, ele ordenou que doze esquifes fossem fabricados, os quais já estavam cheios de pedaços de madeiras, e em cada um havia um pequeno travesseiro para o morto, e os caixões tinham sido levados para uma sala fechada, e ele deu a chave para que a rainha guardasse, e pediu para que ela não falasse sobre isso com ninguém. A mãe todavia, se sentava e lamentava o dia todo, até que o filho mais jovem, que estava sempre com ela, e a quem ela chamava de Benjamin, nome esse que foi tirado da Bíblia, disse a ela: — “Querida mamãe, porque você está tão triste?” — “Querido filhinho,” respondeu ela, “Não posso lhe dizer.” Mas ele não a deixava sossegada até que ela foi e abriu a sala, e mostrou a ele os doze caixões que estavam terminados e cheios de pedacinhos de madeiras. Então, ela disse: — “Meu querido Benjamin, teu pai mandou fazer estes caixões para ti e para os teus onze irmãos, pois, se eu trouxer uma garotinha no mundo, você será morto e sepultado com eles.” E enquanto ela ia dizendo isso, ela chorava, e o filho a consolava e dizia: — “Não chore, querida mãezinha, nós vamos nos salvar, e sairemos daqui.” Mas ela disse: — “Vai para a floresta com os teus onze irmãos, e faça com que um fique permanentemente sobre a árvore mais alta que puder ser encontrada, e fique atento, olhando para a torre aqui do castelo. Se eu der a luz a um filhinho, eu colocarei uma bandeira branca, e então, vocês poderão se arriscar a voltar, mas se eu der a luz a uma menina, eu levantarei uma bandeira vermelha, e então, vocês deverão fugir o mais rápido que puderem, e que Deus possa proteger todos vocês. E eu todas as noites levantarei e farei uma oração para vocês — no inverno, para que vocês possam se aquecer perto de uma fogueira, e no verão, para que vocês não desfaleçam com tanto calor.” D epois que ela abençoou os filhos, eles seguiram para a floresta. Todos eles, no entanto, ficavam atentos, e se sentavam no pé de carvalho mais alto da floresta e ficavam olhando em direção à torre. Quando onze dias tinham se passado, e tinha chegado a vez de Benjamin, ele viu que uma bandeira tinha sido hasteada. Não era, no entanto, uma bandeira branca, mas uma bandeira vermelha, a qual anunciava que todos eles deviam morrer. Quando os seus irmãos souberam daquilo, eles ficaram muito bravos, e disseram: — “Todos nós devemos sofrer por causa de uma garota? Juramos que todos nós iremos nos vingar! — quando encontrarmos uma menina, o sangue vermelho dela deve jorrar." Então, eles penetraram mais fundo na floresta, e no meio dela, que era a parte mais escura, eles encontraram a pequena cabana abandonada de uma feiticeira, onde não havia ninguém. Então, eles disseram: — “Vamos ficar aqui, e tu, Benjamin, que és o menor e o mais fraco, tu ficarás em casa e cuidarás dela, nós outros vamos sair para conseguir alimento." Então, eles foram para a floresta para caçar lebres, cervos selvagens, pássaros e pombos, e qualquer coisa que houvesse para comer, eles levavam um pouco para Benjamin, que tinha de arrumar a casa para eles, para que eles pudessem matar a fome. Juntos viveram eles na pequena cabana durante dez anos, e o tempo não parecia longo para eles. A. pequena garota, que a rainha, a mãe deles, tinha dado a luz, já tinha crescido, ela era boa de coração, e tinha um rosto encantador, e na testa dela havia uma estrela de ouro. Uma vez, quando houve uma grande arrumação no palácio, ela viu doze camisas de homens entre as coisas que estavam lá, e perguntou a sua mãe: — “A quem pertencem estas doze camisas, porque elas são pequenas demais para serem do papai? Então, a rainha respondeu com o coração dolorido: — “Querida filhinha, estas camisas são dos teus doze irmãos.” Disse a garota, então: — “Onde estão meus doze irmãos, nunca ouvi falar deles?” A mãe respondeu: — “Só Deus sabe onde eles estão, eles estão andando pelo mundo.” Então, ela pegou a pequena e abriu a sala para a garota, e lhe mostrou os doze caixões cheios de pedaços de madeiras e com os travesseiros para a cabeça. — “Estes caixões,” disse ela, “estavam destinados para os teus irmãos, mas eles foram embora escondidos antes que tu nasceste,” então, a garotinha disse: — “Querida mãezinha, não chore, eu irei procurar os meus irmãos.” Então, ela pegou as doze camisas e partiu, e seguiu direto para a grande floresta. Ela caminhou o dia todo, e a noitinha ela encontrou a casinha da feiticeira. Então, ela entrou na casa, e encontrou um jovem garoto, que perguntou: — “De onde você veio, e para onde você vai?” e ficou atônito como ela era linda, e usava trajes reais, e tinha uma estrela na testa. E ela respondeu: — “Eu sou filha da rainha, e estou procurando meus doze irmãos, e eu irei até o fim do céu azul para encontrá-los.” Ela também mostrou a ele as doze camisas que um dia havia pertencido a eles. Então, Benjamin compreendeu que ela era sua irmã, e disse: — “Eu sou Benjamin, teu irmão caçula.” E ela começou a chorar de alegria, e Benjamin chorou também, e eles beijaram e se abraçaram um ao outro como muita ternura. lD epois disto ele disse: — “Querida irmãzinha, há ainda mais um problema. Nós fizemos um acordo que toda garota a quem encontrássemos deveria morrer, porque nós fomos obrigados a deixar o nosso reino por causa dela!” Então, ela disse: — “Morrerei com prazer, se morrendo puder salvar os meus doze irmãos.” — “Não,” respondeu ele, “tu não morrerás, fique sentada aqui debaixo deste barril até que os nossos doze irmãos cheguem, e então, eu conseguirei entrar num acordo com eles.” Ela fez o que ele pediu, e quando a noitinha os outros irmãos chegaram da caça, o jantar deles estava pronto. E quando eles estavam todos sentados na mesa, e estavam comendo, eles perguntaram: — “Quais são as novidades?” Benjamin respondeu: — “Vocês não souberam de nada?” — “Não,” responderam eles. Ele continuou: — “Vocês foram para a floresta e eu fiquei em casa, no entanto, eu sei mais do que vocês.” — “Diga-nos, então," exclamaram eles. Ele respondeu: — “Me prometam primeiro que a primeira garota que nós encontrarmos não irá morrer.” — “Sim,” exclamaram todos eles, “ela terá misericórdia, mas, conte-nos logo.” Então, ele disse: — “A nossa irmã está aqui,” e ele levantou o barril, e a filha do rei apareceu com seus trajes reais e com uma estrela na testa, e ela era linda, delicada e meiga. Então, todos eles ficaram felizes, e a abraçaram, e a beijaram e a amaram de todo o coração. lA gora ela ficava em casa com Benjamin e o ajudava no trabalho doméstico. Os onze foram para a floresta para caçar veados, pássaros e pombos, para que eles pudessem se alimentar, e a irmãzinha junto com Benjamim cuidavam da preparação da caça para eles. Ela procurou na floresta ervas e vegetais para cozinhar, e colocou as panelas no fogo para que o jantar ficasse pronto quando os onze chegassem. Ela também mantinha a ordem na pequena casa, e colocava lindos lençóis limpos e brancos nas caminhas, e os irmãos estavam sempre felizes e viviam em grande harmonia com ela. Um dia os dois que ficavam em casa, haviam preparado uma bela surpresa, eles se sentaram e comeram e beberam e estavam todos felizes. Havia, porém, um pequeno jardim que pertencia à casa da feiticeira onde ficavam doze pés de lírios, os quais também são chamados de “estudantes”[1]. Ela queria fazer uma supresa para os seus irmãos, e colheu as doze flores, e pensou em presentear cada um deles com uma flor durante o jantar. Mas no exato momento que ela colheu as flores os doze irmãos se transformaram em doze corvos, e voaram pela floresta, e a casa e o jardim desapareceram também. E agora, a pobre garota estava sozinha na floresta virgem, e quando ela olhava ao redor, uma velhinha estava sentada perto dali e disse: — “Minha criança, o que você fez? Porque você não deixou que as doze flores brancas crescessem? Eles eram teus irmãos, que agora para sempre foram transformados em corvos.” A garota disse, chorando: — “Não existe uma maneira de libertá-los?” — “Não,” disse a mulher, “só existe uma maneira no mundo todo, e isso é tão difícil que você jamais conseguirá libertá-los desse jeito, porque você precisa ficar muda durante sete anos, e não pode falar nem rir, e se você falar uma palavra, e somente uma hora dos sete anos estiver faltando, tudo estará perdido, e os teus irmãos serão mortos por causa dessa palavra.” Então, a garota falou de coração: — “Eu tenho certeza de que libertarei os meus irmãos,” e foi e procurou uma árvore bem alta e se sentou no topo dela e ficava tecendo, e não falava nem ria. Ora, aconteceu que um rei estava caçando na floresta, ele tinha um grande cão galgo que correu até a árvore onde a garota estava sentada, e pulava em torno da árvore, ganindo e latindo para ela.lE ntão, o rei se aproximou e viu a bela princesa que tinha uma estrela de ouro na testa, e ficou tão encantado com sua beleza, que ele a convidou para que fosse sua esposa. Ela não respondia, mas fazia pequenos acenos com a cabeça. Então, ele mesmo subiu na árvore, trouxe-a para baixo, colocou-a em seu cavalo e a levou para o seu palácio. Então, o casamento foi festejado com grande festa e muita alegria, mas a noiva não falava nem sorria. Quando eles tinham vivido felizes juntos durante alguns anos, a mãe do rei, que era uma criatura perversa, começou a difamar a jovem rainha, e disse ao rei: — “Ela é uma mendiga vulgar que trouxeste da caça contigo. Quem sabe que coisas horrorosas ela não faz às escondidas!” Ainda que ela seja muda, e não consiga falar, ela poderia sorrir pelo menos, mas aqueles que não riem, tem consciências pesadas.” A princípio, o rei não quis acreditar nela, mas a velha falava disso o tempo todo, e a acusava de coisas tão assustadoras, que por fim o próprio rei se deixou convencer e ela foi condenada a morte. E aconteceu que uma grande fogueira foi acesa no pátio do palácio, onde ela deveria ser queimada, e o rei ficou em cima na janela e via tudo com lágrimas nos olhos, porque ele a amava muito. E quando ela foi amarrada bem forte à fogueira, e o fogo começou a lamber as suas roupas com sua língua vermelha, o último momento dos sete anos havia se expriado. Então, um ruflar de asas foi ouvido no ar, e doze corvos vieram voando em direção à fogueira, e pousaram, e quando eles tocaram a terra, eis que eram os doze irmãos dela, que ela tinha libertado. lE les apagaram totalmente a fogueira, extinguiram as chamas, libertam a irmã que amavam tanto, e beijaram e a abraçaram. E agora, que ela podia abrir a boca para falar, ela contou ao rei porque ela tinha ficado muda, e nunca podia ter dado um sorriso. O rei dava pulos de alegria ao saber que ela era inocente, e todos eles viveram em grande harmonia até o fim da vida deles. A madrasta má foi levada para o tribunal, e colocada dentro de um tonel com óleo fervente e cobras venenosas, e teve uma morte cruel.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

O lobo e os sete cabritinhos. "Contos Infantis"


Era uma vez uma velha cabrita que tinha sete cabritinhos, e os amava com todo o amor que uma mãe tem por seus filhos. Um dia ela queria ir para a floresta para buscar algum alimento. Então, ela chamou todos os sete até ela e disse: — “Queridos filhinhos, eu preciso ir para a floresta, fiquem atentos com o lobo, se ele aparecer, ele irá devorar vocês inteirinho com pele e osso. O infeliz vem sempre disfarçado, mas vocês o reconhecerão imediatamente por causa da sua voz grossa e seus pés pretos.” Os cabritinhos disseram: — “Querida mãezinha, nós vamos tomar muito cuidado, a senhora pode ir sem preocupação.” Então, a cabrita velha deu um berro e foi embora muito tranquila. Não passou muito tempo e alguém bateu na porta da casa e gritou: — “Abram a porta, queridos filhinhos, a mãe de vocês chegou, e trouxe uma supresinha para cada um de vocês.” Mas, os cabritinhos sabiam que se tratava do lobo, por causa da voz grossa: — “Nós não abriremos a porta,” eles gritaram, ”você não é a nossa mãe. Ela tem uma voz macia e agradável, mas a tua voz é grossa, você é o lobo!” Então, o lobo foi embora até um gerente de loja e comprou um pedaço de barro, comeu o barro e a sua voz ficou mais suave depois disso. Então, ele voltou, bateu na porta da casa, e gritou: — “Abram a porta, queridos filhinhos, a mamãe de vocês chegou e trouxe uma surpresinha para cada um de vocês.” Mas o lobo tinha colocado as suas patas negras contra a janela, e as crianças viram e gritaram: — “Nós não abriremos a porta, a nossa mãe não tem pés negros como os teus. Então, o lobo foi até o padeiro e disse: — “Eu machuquei as minhas patas, será que você poderia esfregar um pouco de massa para mim.” E quando o padeiro esfregou o pé dele com a massa, ele correu até o moleiro e disse: — “Espalhe um pouco de farinha de trigo na minha perna para mim.” O moleiro pensou consigo mesmo: — “O lobo está querendo enganar alguém,” e se recusou; mas o lobo disse: — “Se você não fizer isso, eu vou te devorar.” Então, o moleiro ficou com medo, e passou farinha de trigo nas patas do lobo. Pessoas honestas são assim mesmo. Então, ele foi pela terceira vez até a porta da casa dos cabritinhos, bateu e disse: — “Abram a porta para mim, crianças, é a mamãe que voltou, e trouxe uma coisinha da floresta para cada um de vocês.” As crianças gritaram: — “Primeiro nos mostre as suas patas para que possamos saber se você é a nossa querida mãezinha.” Então, o lobo colocou as patas pela janela, e quando os cabritinhos viram que as patas eram brancas, eles acreditaram que era verdade, e abriram a porta. InicialM.svg as quem entrou senão o lobo! Eles ficaram apavorados e quiseram se esconder. Um saltou para debaixo da mesa, o segundo para debaixo da cama, o terceiro para dentro do fogão, o quarto foi para a cozinha, o quinto se escondeu dentro do armário, o sexto dentro da bacia de lavar louça que era de porcelana, e o sétimo dentro da caixa do relógio. Mas o lobo encontrou todos eles, e não fez nenhuma cerimônia, e um após o outro, ele engoliu todos eles para dentro da sua goela. O menorzinho que estava dentro da caixa do relógio foi o único que não foi encontrado. Quando o lobo havia saciado a sua fome, ele foi embora, se deitou debaixo de uma árvore, e começou a dormir. Logo depois a cabrita mãe voltou novamente para casa vindo da floresta. Ah!, o que ela viu então!. A porta da casa estava toda aberta. A mesa, as cadeiras, e os bancos estavam espalhados, a bacia de lavar louça que era de porcelana estava reduzida a cacos, e os acolchoados e os travesseiros estavam espalhados para fora da cama. Ela procurou as crianças, mas não os encontrou em lugar nenhum. Ela os chamava pelo nome, um após o outro, mas ninguem respondia. Finalmente, quando ela procurou o menorzinho, uma voz muito fraca respondeu: — “Querida mamãe, eu estou dentro da caixa do relógio.” Ela tirou o cabritinho de lá, e ele contou para a mamãe que o lobo tinha vindo lá e tinha comido todos os seus irmãozinhos. Então, você pode imaginar como ela chorou por causa dos seus filhinhos. Finalmente, desesperada ela saiu, e o cabritinho mais novo fugiu com ela. E quando eles chegaram perto do mato, lá estava o lobo debaixo de uma árvore, e roncava tão alto que até os galhos da árvore tremiam. Ela olhou para ele e por todos os lados viu que alguma coisa estava se mexendo e se debatia dentro do seu corpo inchado. — “Oh, céus,” disse ela, “será possível que meus pobres filhinhos que ele engoliu no jantar, podem ainda estar vivos?” Então, o cabritinho foi correndo para casa e trouxe a tesoura, e uma agulha e uma linha, e a cabrita mãe abriu a barriga do monstro, e mal tinha ela feito um corte, e um cabritinho colocou a cabeça para fora, e quando ela continuou cortando, todos os seis saltaram, um depois do outro, e todos eles estavam vivos ainda, e não tinham sofrido nenhum ferimento, pois devido a voracidade o lobo os tinha engolido inteirinhos, sem mastigar. Que felicidade que foi! Então, eles abraçaram a sua querida mãezinha, e eles pulavam felizes como crianças na frente de um sorvete. A mãe, todavia, disse, — “Agora, vamos procurar algumas pedras grandes, e nós encheremos o estômago do lobo mau com elas enquanto ele ainda está dormindo.” Então, os sete cabritinhos trouxeram as pedras até ali rapidamente, e colocaram todas que couberam em seu estômago, e a mamãe cabra costurou o estômago do lobo bem depressa, e então, ele não desconfiou de nada e nem se mexeu nenhuma vez. lQ uando o lobo, finalmente, acordou do seu sono, ele ficou de pé, e como as pedras que estavam em seu estômago o deixaram com muita sede, ele quis ir a um poço para beber água. Mas, quando ele começou a andar e a se mexer, as pedras que estavam em seu estômago começaram a rolar umas contra as outras, como se fosse um chocalho. Então, ele gritou: — “Que grandes estrondos, pareço ouvir, pensei que fossem os seis cabritinhos, Mas grandes pedras parecem ruir.” E quando ele chegou no poço, se abaixou para pegar água e ia beber, as enormes pedras o fizeram cair dentro do poço, e não teve jeito, mas ele morreu afogado, infelizmente. Quando os sete cabritinhos viram isso, eles vieram correndo até o poço e gritavam alto: — “O lobo morreu! O lobo morreu! E dançaram a roda da alegria em torno do poço junto com a mãe deles.”

domingo, 29 de março de 2015

O bom negócio.


Era uma vez um camponês que tinha levado a sua vaca para a feira, e a vendeu por sete táleres. No caminho de volta para casa ele tinha de passar por um lago, e já de longe ele ouvia os sapos gritando: “Iquá, quá, quá, quá!” — “Bem,” disse ele para si mesmo, “eles não sabem o que estão dizendo, são sete táleres que eu recebi não quatro.” Quando ele entrou na água, o camponês gritou para eles: — “Criaturas estúpidas que vocês são! Vocês não sabem de nada! São sete táleres e não quatro.” Os sapos, no entanto, continuavam a mesma ladainha, “Iquá, quá, quá, quá!” — “O quê, vocês não acreditam, eu posso mostrar na frente de vocês,” e ele tirou o dinheiro do bolso e contou os sete táleres, levando-se em conta que vinte e quatro grosches equivalem a um táler. Os sapos, todavia, sem saber o que ele dizia, continuam dizendo “Iquá, quá, quá, quá!” — “O quê, exclamou o camponês que já estava ficando zangado, — “já que vocês acham que sabem mais do que eu, contem vocês mesmos,” e jogou todo o dinheiro na água. Ele ficou parado e ficou esperando até que tivessem terminado de contar e lhe devolvessem o dinheiro de novo, mas os sapos ficaram imóveis e gritavam sem parar: “Iquá, quá, quá, quá!” e além disso, não jogaram o dinheiro de volta para ele. Ele ainda esperou um bom tempo até que a noite chegou e ele foi obrigado a ir para casa. Então, ele insultou os sapos dizendo: — “Escuta aqui, seus espirradores de água, seus cabeças gordas, seus olhos esbugalhados, vocês tem bocas grandes e podem berrar até estourarem os seus ouvidos, mas vocês não sabem contar sete tálares! Vocês acham que eu vou ficar esperando aqui até quando terminarem? E com isso ele foi embora, mas os sapos continuavam gritando “Iquá, quá, quá, quá!” depois que ele se foi, até que ele chegou em casa muito furioso. Pssado algum tempo ele comprou uma nova vaca, a qual ele matou, e fez as contas que se ele vendesse a carne por um preço bom, ele poderia ganhar o equivalente ao que duas vacas valeriam, e usaria ainda o couro dela na troca. Quando então ele chegou na cidade com a carne, uma grande matilha de cães estava reunida na frente do portão, e eram chefiados por um cachorro galgo, que pulou na carne, meteu o focinho nela e latindo: “Uau, uau, uau.” Como ele não parava de latir, o camponês disse para ele: — “Sim, sim, eu sei muito bem o que você está dizendo “uau, uau, uau,” porque você quer um pedaço de carne, mas eu teria um prejuízo se eu desse um pedaço para você.” O cachorro, todavia, não respondia nada, somente “uau, uau, uau.” — “Você promete não devorar tudo, então, e você se responsabiliza pelos teus amigos?” “Uau, uau, uau.”, dizia o cachorro. — “Bem, se você insiste, eu vou te dar um pedaço, eu te conheço bem, e sei que você é quem manda, mas eu lhe digo, dentro de três dias eu preciso receber o dinheiro, caso contrário, você vai se ver comigo, e você deve entregar o dinheiro lá em casa.” E assim ele descarregou a carne e virou as costas, e os cachorros pularam em cima dela e latiam alto: “uau, uau, uau.” O camponês, ouvindo-os de longe, dizia consigo mesmo: — “Escute só, todos eles queriam um pedaço, mas o grandalhão é o principal responsável por tudo.” Três dias haviam se passado, e o camponês pensou: — “Hoje o dinheiro estará no meu bolso,” e ficou muito satisfeito. Mas ninguém aparecia para lhe dar o dinheiro. — “Será que não dá para confiar em ninguém hoje em dia,” pensou ele, e finalmente ele perdeu a paciência, e foi até a cidade procurar o açougueiro e exigir o seu dinheiro. O açougueiro achou que era uma brincadeira, mas o camponês dizia: — “Não estou brincando, eu quero o meu dinheiro! Por acaso, o cachorro grande não trouxe para você uma vaca inteirinha que eu matei há três dias atrás?” E ntão o açougueiro ficou nervoso, pegou um cabo de vassoura e expulsou o camponês. — “Espere um pouquinho,” pensou o camponês “deve haver ainda justiça no mundo!” e foi para o palácio do rei e solicitou uma audiência. Ele foi levado diante do rei, o qual estava sentado ao lado da sua filha, e lhe perguntou que prejuízo ele havia sofrido. — “O senhor não imagina,” disse ele, os sapos e os cachorros tomaram de mim o que me pertence, e o açougueiro me retribuiu com vassouradas,” e relatou com todos os detalhes tudo o que havia acontecido. Então, a filha do rei começou a achar tudo muito engraçado e o rei disse para ele: — “Não posso te fazer justiça nesse caso, mas você receberá a minha filha como esposa, -- em toda a sua vida ela nunca riu desse jeito como riu agora, e eu prometi que ela se casaria com aquele que conseguisse fazê-la sorrir. Você deve agradecer a Deus porque você é um cara de sorte!” — “Oh,” respondeu o camponês, “não posso me casar com ela, eu já tenho uma esposa, e ela já é demais para mim, quando eu vou para casa, é tudo tão ruim que é como se eu tivesse uma esposa em cada canto da casa.” Então, o rei se ofendeu, e disse: — “ Você é um imbecil.” — “Ah, senhor rei,” respondeu o camponês, “o que você pode esperar de uma vaca, que não fosse um bife?” — “Chega,” disse o rei, “vou te dar uma outra recompensa. Vai-te embora agora e volta dentro de três dias, e então, terás quinhentos bem contados.” Quando o camponês saía pelo portão, o sentinela disse: — “Você conseguiu fazer a filha do rei sorrir, então, certamente você receberá alguma coisa boa.” — “Sim, é o que eu também acho,” respondeu o camponês, “quinhentos bem contados me serão dados.” — “Escuta,” disse o soldado, “me dê um pouco disso. O que você vai fazer com todo esse dinheiro?” — “Como é para você,” disse o camponês, “você receberá duzentos, dentro do prazo de três dias, apresente-se diante do rei, e peça a ele que isso te seja entregue.” Um judeu, que estava parado ali, e tinha ouvido a conversa, foi correndo atrás do camponês, o segurou pelo casaco, e disse: — “Oh, maravilha! que garoto de sorte que você é! Eu troco para você, eu troco para você com pequenas moedas, porque você precisa das notas graúdas dos táleres?” — “Judeu,” disse o camponês, “você ainda pode receber trezentos, me dê esse valor agora mesmo em moedas, dentro de três dias a partir de hoje, você poderá receber esse valor pelas mãos do rei.” O judeu dava pulos de alegria diante do lucro, e trouxe todo o valor em grosche muito usado, onde três dos ruins valeriam dois bons. Três dias haviam decorridos, e de acordo com a ordem do rei, o camponês compareceu diante do rei. — “Tire o casaco dele,” disse o rei, “e ele receberá os quinhentos.” — “Ah,” disse o camponês, “eles não me pertencem mais, eu dei de presente duzentos deles para o sentinela, e trezentos o judeu trocou para mim, então, por direito, não tenho direito a mais nada.” N esse momento, o soldado e o judeu entraram e reclamaram o que eles tinham ganhado do camponês, e eles receberam as quinhentas chicotadas bem contadas. O soldado suportou com paciência pois já tinha sofrido antes, mas o judeu falou arrependido: — “Oh não, seriam estes os tálares que eu deveria receber?” O rei não conseguia para de rir para o camponês, e toda a sua raiva foi embora, e ele disse: — “Como você já recebeu a tua recompensa antecipadamente, eu te darei uma compensação em troca. Vá até a minha câmara de tesouro e pegue todo o dinheiro que quiser.” Não precisou que o rei falasse duas vezes para o camponês, e ele encheu os seus bolsos enormes com tudo o que coube dentro. Depois ele foi até uma estalagem, e contou todo o dinheiro. O judeu foi escondido atrás dele e ouvia que ele resmungava sozinho, — “O desgraçado do rei me trapaceou afinal, porque ele mesmo não poderia ter-me dado o dinheiro, e então, eu saberia o quanto tenho? Quem pode me dizer agora, se o que eu tive a sorte de colocar nos meus bolsos é suficiente ou não? — “Meu Deus do céu!”, disse o judeu para si mesmo, “esse homem está falando de modo desrespeitoso do nosso senhor, o rei, eu vou correndo lá para informá-lo, e então, eu receberei uma recompensa, e ele será punido também.” Quando o rei ouviu o que o camponês tinha dito, ele ficou furioso, e exigiu que o judeu fosse e trouxesse o blasfemador até ele. O judeu correu até onde o camponês estava, — “Você precisa ir imediatamente até o rei, nosso senhor, com as roupas que você estiver usando.” — “Sei de uma coisa melhor que essa,” respondeu o camponês, “preciso conseguir um casaco novo primeiro. Você acha que um homem com tanto dinheiro no bolso se apresenta diante do rei com um casaco velho e rasgado?” O judeu, quando ele viu que o camponês não se mexia porque não tinha outro casaco, e como ele temia que a fúria do rei esfriasse, e ele próprio perderia a sua recompensa, e o camponês não seria punido, ele disse: — “Eu mesmo, como prova da minha verdadeira amizade, te empresto um casaco por algum tempo. O que as pessoas não fazem por amor!” O camponês deu-se por satisfeito, vestiu o casaco do judeu, e saiu em companhia dele. O rei repreendeu o camponês porque ele havia falado mal de acordo com o que o judeu tinha informado. — “Ah,” disse o camponês, “o que um judeu fala é sempre mentira -- jamais se ouviu que um judeu falasse a verdade! Esse ordinário é capaz de dizer que eu estou usando o casaco dele.” — “O que você disse?” berrou o judeu. “Este casaco não é meu? Eu emprestei ele a você por pura amizade, para que você pudesse se apresentar diante do rei?” Quando o rei ouviu isso, ele disse: — “O judeu com certeza está me enganando ou a nós dois, ou a mim ou ao camponês,” e novamente mandou que lhe aplicassem novas e pesadas chibatadas. O camponês, todavia, voltou com um casaco novo, com dinheiro no bolso, e dizia para si mesmo: — “Desta vez eu acertei!”

quinta-feira, 26 de março de 2015

A maldição do Faraó.


A Maldição do Faraó é a crença de que qualquer pessoa que viole a múmia de um faraó do Egito antigo cairá em uma maldição, pela qual a vítima morrerá em breve. Trata-se de uma lenda contemporânea, que surgiu no início do século XX. Ninguém sabe ao certo quem é o responsável por sua elaboração e propagação, mas a mídia, ao mesmo tempo, tornou-a numa lenda de renome internacional. Havia uma crença de que as tumbas dos faraós tinham maldições escritas sobre elas ou nos seus arredores, uma advertência a aqueles que sabem ler não entrassem. Há casos ocasionais de maldições que aparecem no interior ou na fachada de uma tumba, como no caso do mastaba de Khentika Ikhekhi da 6ª dinastia em Saqqara. Estas parecem ser mais dirigida para os sacerdotes ka para proteger cuidadosamente a tumba e preservar a pureza ritual, em vez de uma advertência aos ladrões em potencial. Embora tivesse havido histórias de maldições que remontam ao século XIX, elas se multiplicaram na sequência da descoberta de Howard Carter do túmulo de Tutancâmon.1 A maldição associada com a descoberta da tumba do faraó Tutancâmon da XVIII Dinastia, é a mais famosa na cultura ocidental. Ela afirma que alguns membros da equipe de arqueólogos que desenterraram a múmia do faraó Tutancâmon morreram de causas sobrenaturais na sequência de uma maldição do governante falecido. De fato, vários membros da equipe morreram alguns anos depois da descoberta, incluindo o ilustre Lord Carnarvon, promotor das escavações. Muitos autores negam que houvesse escrito uma maldição, mas outros dizem que Howard Carter encontrou na antecâmara um óstraco de argila com uma inscrição dizendo: "A morte vai atacar com seu tridente aqueles que perturbarem o repouso do faraó."2

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Vidas e Sonhos

Vidas e Sonhos
Sonhar é transportar num Mundo de Sonhos
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